sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um Senhor exemplo

Pense em um super-heroi. Melhor: pense em um idólo, naquele ídolo que você é fã incondicional, que admira, que gostaria de ter em seu rol de amizades e que, pra você, é exemplar. José Mindlin, nosso maior blibliófilo, preenche-me de todas essas maneiras. Morto no dia 28 de fevereiro de 2010, deixou-nos uma blibioteca com milhares de títulos, biblioteca esta que começou ser formada quando Mindlin contava com 13 anos de idade. Nesta mesma época, sem ele saber, iniciou-se a sua "patologia" em colecionar livros. Em 2006, doou cerca de 46 mil títulos, entre livros e panfletos, para a biblioteca da USP, a Brasiliana. Seu acervo, hoje, é patrimônio nacional. Não posso deixar de considerar que um homem que coleciona livros, que tem na literatra sua maior paixão e que acredita na cultura e no conhecimento como forma de progresso, não seja um Senhor exemplo. Os livros me preenchem como preencheram Mindlin em vida. Meu conteúdo é o conteúdo dos livros que li e dos que ainda lerei. As lombadas das publicações em minha estante são meu horizonte. É pra lá que eu vou. Quero recomendar um livro escrito pelo Senhor exemplo: "No Mundo dos Livros", editora Agir. O livro tem 103 páginas, mas é nelas que Mindlin nos conta os exemplares que tem em sua estante e suas opinões sobre alguns de seus clássicos prediletos. Também nos ensina o que a escola não nos ensinou: o exercício de escolher o que ler e como ler, e como este exercício trará a paixão pelos livros e criará uma blibioteca interna, pessoal, íntima. Esta biblioteca interna estará cheia de afeto entre nós e nossos personagens, títulos e autores preferidos, transformando-nos em um ser único e com opinião literária. Mais ainda, em homens dignos e inteligentes. Compartilho com Mindin o mesmo medo que ele tinha enquanto vivo: que o tempo será curto para lermos tudo o que desejamos. Quero deixar uam mensagem de Mindlin, que tem a ver com exemplo..."Eu procuro, nos muitos contatos que tenho com a mocidade, inocular o vírus do amor aos livros, porque uma vez inoculado, está resolvido - a pessoa não se livra mais...". É isto. Sigamos o exemplo de José Mindlin e espalhemos o vírus da leitura. Divirta-se!

Um comentário:

  1. Tive o prazer de conhecer Mindlin e sua adorável e bela esposa - a Guita - pessoalmente. Um lindo apartamento com vistas para a Praça da República. Ele foi um grande amigo do meu sogro (o arquiteto Giancarlo Palanti)e frequentavam juntos um bar de artistas no Edifício Copan. Durante estes encontros, embriagávamo-nos de uma cultura pura altamente viciante e, o que é pior, sem vacina. Ele e Raquel Kantor, outra grande benemérita das artes aqui em São Paulo, também frequentadora do mesmo bar, foram os primeiros a me "pilharem" para publicar os livros que ainda nem tinha escrito mas que já sabia que um dia o faria, como o fiz.
    Quem dera esta "doença" (a leitura) fosse disseminada como uma grande epidemia, com taxas de contágio totalmente incontroláveis. Bjusss.

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