segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Dezembro, mês de começar

Quase o número 12, novamente e mais uma vez. Quase dezembro de um ano que poderá ser lembrado pelo 100o. gol de Rogério Ceni ou pelo conflito no Egito.  Pode ser, também, o último ano de nosso calendário se a profecia Maia se cumprir e nossa mãe Terra for para o "espaço". De qualquer maneira, é cedo para falarmos em retrospectiva 2011. Não é dezembro e o ano ainda não acabou, e não estou a fim de fazer com que o tempo passe mais rápido do que ele, aparentemente, já está passando. Também porque acredito que quem passa somos nós e não o tempo. O tempo está sempre aí, esperando quem vai chegar. Sendo assim, ainda temos dezembro para iniciarmos algo que protelamos ao longo do ano. O tempo é o mesmo, em dezembro ou em janeiro. Nenhum desses dois meses representam o fim ou o começo quando se trata de decidirmos o que queremos para nós. O tempo certo para erguermos a cabeça e falarmos para o universo o que queremos ser e fazer é agora. Aquele livro que não começamos a escrever, o planejamento de uma nova carreira, o pedido de desculpas ao vizinho ou aquele "eu te amo" engasgado, todas essas ações estão prontas para existirem desde já. E digo mais: elas terão mais poder e sinceridade quanto antes elas forem concretizadas. No futuro, pode ser que resida um arrependimento horroroso, um dó de nós mesmos por passarmos pelo tempo sem darmos ouvidos às nossas verdades. Promessas de início de ano só postergam o que, de fato, precisamos fazer agora. Início de ano é para ser comemorado com realizações concretas, e não com juramentos superficiais. Façamos com que dezembro seja um mês de início, de começo de progresso e de amor por nós mesmos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Vida : doce como um sonho

Doce, cremoso e tem o tamanho necessário para transbordar a sua vida de realidade. Este é o sonho da padaria da esquina, aquele que enche a sua boca d'água e os seus olhos de brilho quando flerta com você da vitrine de onde se exibe. O sonho traz, com o poder de seu sabor, a realidade que você quer usufruir, aquela que é despertada quando você se depara com ele. De frente para o seu sonho, você tem a visão do que lhe proporcionará felicidade e prazer. É o seu sonho que lhe guia e lhe desperta para que você saiba o que fazer da sua vida. Sem o sonho, não há objetivo, nada lhe moverá para o sucesso e para a paz. Ouça, veja, sinta o seu sonho. A decisão é sua de abocanhá-lo, de saboreá-lo e de enguli-lo. Não se esqueça de dividi-lo com as pessoas que forem importantes para você, pois, desta maneira, elas também irão mostrar-lhe os seus. Sinta orgulho de seu sonho, de seu tamanho, de seu cheiro e de seu formato, pois ele é você. Se, nas diversas trajetórias até a padaria onde você encontrará o seu sonho, ele mudar repentinamente de formato ou de cor, não há problema. Significa que outro sonho está lhe namorando e necessitando de sua atenção. Se assim for, vá até ele e morda-o. Agora, abra os olhos e acorde para os seus sonhos. Tem uma padaria bem próxima a você cheia deles lhe esperando. O nome da padaria? VIDA. Divirta-se. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Há um processo contra você : CULPADO!

Conheci Franz Kafka através de uma de suas maiores obras: O Processo. Li este livro no início dos anos de 1990 e lembro-me de como ele me afligiu, de como sua história me deixou com uma sensação de "culpado". Kaka, um judeu tcheco que escrevia em alemão, preencheu, neste romance, suas personagens de dor e angústia, infligindo-lhes culpa e perseguição por conta de um sistema burocrático e cheio de imposições. Um sistema composto por leis e dogmas e que, sem nenhum motivo ou explicação, ordena e classifica os indivíduos e suas pequenas e escuras vidas. Este é o universo ordinário de Kafka. Cheio de ironias e culpas mandadas. Um universo que é capaz de criar um processo e inseri-lo na vida de qualquer cidadão. Mais do que nunca, O Processo de Kafka está nos tempos vigentes. Há processos nos regendo todos os dias em quaisquer circunstâncias. E, normalmente, o veredito final desses processos é : culpado. Somos culpados por sermos gordos, por sermos magros, pelo nosso gênero sexual, por possuirmos determinada cor de pele, por pertencermos a um grupo étnico específico e até por nosso saldo bancário. O dedo do processo está sempre apontado para nós. Há qualquer momento você poderá ser considerado culpado por ser assim, exatamente como você é. As imposições do sistema em que vivemos estão aí, pulsando contra nós. E o pior: elas são originárias de nossa postura, nascem do que achamos que é necessário a nós. Perigoso e fatal. Criamos nossas próprias armadilhas e somos culpados por elas. Movemos processos diários contra nos mesmos e contra os outros. É a realidade mundial. É a realidade de Kafka. Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio...A propósito: o desenho que ilustra minha postagem é de Kafka. Divirta-se!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Artigos e ensaios

Escrever é mais do do se fazer ler. É mais do que transmitir uma mensagem ou deixar um recado. Escrever é cativar, é prender o leitor pela emoção e, acima de tudo, é doar-se. Na revista Serrote no. 9 que acabou de sair, há um ensaio espetacular da americana Cynthia Ozick sobre as diferenças entre artigo e ensaio. Fiquei tão maravilhado com o texto que resolvi expor minhas sensações aqui, no Vide Letra. Cynthia diz que o ensaio é "uma mente livre quando brinca", e nada pode ser mais verdadeiro do que esta afirmação. Sobre as diferenças entre artigo e ensaio, ela menciona que o artigo é momentâneo, passageiro, um flash, uma foto que em dias estará obsoleta. É, ainda, uma notícia, um acontecimento que será substituido por outro na próxima semana. Quanto ao ensaio, sua conclusão é mais poética. Para Cynthia, o ensaio é imaginação e toda informação contida nele é corriqueira. O ensaio não serve para doutrinar ninguém, muito menos educar. O ensaio não se prende a sua data de nascimento como o artigo e torna-se uma espécie de ideia eterna. O ensaísta, como todo bom poeta, escreve com as artérias do coração. O leitor não tem que concordar com o que um ensaísta escreve, mas emociona-se e torna-se reflexivo quando lê um bom ensaio. O verdadeiro ensaísta pode lhe passar uma sensação de solidão, caso você esteja sozinho em companhia das estrelas, por exemplo, mas também pode lhe dar a percepção de estar bem acompanhado caso caminhe, sozinho, em um bosque. Note que, tanto as estrelas quanto as árvores do bosque, oriundos da natureza, poderão lhe fazer ou não companhia. Tudo dependerá do direcionamento que o ensaísta der ao texto. Você estará em boa companhia, caso eu lhe indique, através de um ensaio, um livro cujo tema lhe conforte e lhe dê prazer. Mas também poderei fazer com que você se sinta isolado e triste dizendo-lhe que a única coisa que realmente conforta e dá gozo é a companhia e o calor de uma alma idêntica a sua. Como disse anteriormente, o ensaio não doutrina e nem tem a pretensão de ter créditos perante todos os leitores, mas ele faz com que todo leitor concorde com seus termos e conclusões. Doe-se a sua escrita. Ensaie. Divirta-se!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Alerta: sua vida já começou!

Sua vida já começou. A HQ (para quem não sabe, história em quadrinhos) "Daytripper" dos gêmeos paulistanos Fábio Moon e Gabrel Bá que acaba de ser lançada no Brasil pela Panini após ser premiada nos EUA e ocupar o posto de HQ mais vendida no New York Times, mostra de maneira lírica, colorida e certeira que o "grande dia" ou "o grande acontecimento" de nossas vidas já são reais. Ou melhor: eles foram e serão eternamente reais e consecutivos, quase intermitentes e sem fim. Pela história, acompanhamos Brás, um escritor de obituários que (vou contar sem estragar a graça da narrativa) morre no final de todos os capítulos. Em cada capítulo ele tem uma idade, que não segue a ordem cronológica, mas mantém a coesão entre personagens, lugares, etc. Brás aguarda o "acontecimento de sua vida", aquele que dará sentido e razão a sua existência. Vive na expectatva do "grande dia", do dia em que sua vida, efetivamente, começará. Seu objetivo: tornar-se um escritor de renome. Com esta ideia fixa, Brás não percebe as coisas que lhe acontecem diariamente, ou simplesmente não dá importância a elas por serem comuns demais, corriqueiras demais. É cego em sentimentos e valores e não nota que, cotidianamente, o que ele tanto espera, está pulsando. Em um lindo momento da HQ, seu pai reza: a vida é feita de momentos e são esses momentos que devemos levar conosco, pois eles representam o que vale a pena em nossas vidas. Daí vêm as perguntas: o que esperamos acontecer? Qual é o evento, o episódio que nos arrebatará e nos levará ao sétimo céu? Será que ele já não aconteceu? Será que não acontece diariamente? Quem vive esperando alcançar algo (seja lá o que for), alcançará um dia? Sabemos onde queremos chegar? E quando chegarmos, será que saberemos que lá chegamos? Onde é "lá"? Loucura! Já estamos lá! Já chegamos! Estamos vivos, não estamos? O grande acontecimento está aí, ao seu lado, basta estender a mão e tocá-lo. É seu filho que nasceu. É o sol que nos aquece depois de sermos tragados pela escuridão de uma noite fria. É o pé de flor que você encontra antes de chegar ao trabalho onde terá a reunião orçamentária com seu chefe. É o amigo que lhe sorri quando você, sem querer, chuta a bike na academia e ganha um dedão roxo. É, acima de tudo, você. VOCÊ é o grande acontecimento de sua vida. E o seu grande dia foi o dia em que você nasceu. Olhe pra você. Sinta-se. Veja que tudo já começou e está passando, acontecendo. E tudo é muito bom! Perceba o quão importante você é quando faz alguém sorrir, quando cria algo bonito, quando ajuda alguém ou, simplesmente, quando respira. Relembre seu primeiro beijo na boca e me responda: a vida não começou? Divirta-se!