terça-feira, 31 de maio de 2011

501 que valem a pena

Você já deve ter reparado, obviamente, que idéias de sucesso acabam tendo inúmeros descendentes. Essas derivações têm por finalidade "pegar carona" em uma receita de sucesso para, também, tornarem-se consagradas. E isto não é segredo. É na cara dura, mesmo! É assim no cinema (lembra-se da febre onde todo título de filme, aqui no Brasil, levava "A Hora de qualquer coisa" ?) e é assim, também, na literatura. Quantos livros de 501 ou 1001 coisas para fazer você conhece? Tente lembrar. Vamos lá: lugares para conhecer, vinhos para degustar, comidas para saborear, discos para ouvir...e tudo isto antes de morrer! Imagine se você é capaz de fazer tudo isto antes de morrer! Não fique ansioso ou aflito. Ninguém é capaz disso. Nem um piloto de avião consegue conhecer tantos lugares recomendados no mundo, assim como nenhum chef de cozinha irá saborear tantos pratos culinários apontados nestes livros. Apesar de achar, particularmente, não ser tão necessário conhecer uma ruína sagrada do fim do mundo ou degustar um inseto crocante específico dos confins. Mas isto e opinião própria. Porém, há uma lista desse gênero de sucesso que o Vide Letra acredita ser um pouco mais razoável (e possível) de vencer antes de morrer.  Trata-se do livro "501 Grandes Escritores", editora Sextante, organização de Julian Patrick, um professor de inglês e literatura da Universidade de Toronto. Ele reúne os maiores nomes da literatura mundial, com avaliação crítica do conjunto da obra de cada autor, bem como argumentos do por que lê-los. Na edição brasileira, para maior destaque, há 24 autores nacionais contra apenas 3 mencionados na edição inglesa. É um ótimo livro para "degustar" e "viajar" sem sair de sua poltrona ou ir a algum restaurante do outro lado do mundo. Você será apresentado aos cânones da escrita mundial e, com querer direcionado, tenho certeza de que conseguirá ler, pelo menos, uma obra de cada autor antes de morrer. Pode estar certo de que o prazer será garantido. Já pensou poder dizer (antes de morrer, claro): EU CUMPRI UMA DAS LISTAS INTEIRA! Divirta-se!

sábado, 28 de maio de 2011

Com que roupa eu vou?

Hoje, por algumas horas, voltei a ser criança. Revivi minha infância. Lembrei-me da voz de meu pai contando-me histórias enquanto apontava as ilustrações nos livros e gibis que nos acompanhavam em nossas aventuras cheias de perigos, alegrias e amor para que eu pudesse absorver o enredo da maneira mais profunda, haja vista que eu ainda não sabia ler. Meu pai fez de mim um amante da leitura mesmo antes de eu conhecer o mundo das letras, pois com seu carinho e paciência apresentou-me um universo maravilhoso. E, graças a isto, sou um cidadão com raciocínio. Os gibis eu deixei um pouco de lado. Meu pai foi um pouco mais inteligente: mantém sua coleção de gibis ativa. Porém, estive hoje com a Paula Browne, na Livraria Cultura, prestigiando o lançamento de seu livro infantil "Uma Zebra Fora do Padrao", pela editora Rocco e, por este motivo, o saudosismo de minha infância fez-me companhia em uma tarde que tornou-se especial. Sentei-me com as crianças e tornei-me uma delas. Brincamos com a zebrinha protagonista desta história tão especial. Tanto a história quanto as ilustrações são primorosamente criadas pela Paula, que nos brinda, e a todas as crianças, com a graça de uma zebra fora do comum que cria suas próprias roupas, que é bagunceira, mas que adora criar listas das coisas de que gosta, convidando, assim, as crianças a usarem a imaginação para participar de várias brincadeiras. A criação das roupas é uma das delícias que podemos participar (imagine-se vestindo uma zebra que deixará de ter como "roupa" padrão, as famosas listras). Para você que é criança ou para você que quer deixar um legado inteligente as nossas crianças, seguindo o exemplo de meu pai, conheça o mundo da zebra e escolha com que roupa iremos vestir o futuro das nossas crianças e o nosso. Divirta-se!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amado cravo e canela

Sempre tive vontade de ler "Gabriela Cravo e Canela" de Jorge Amado, mas não sabia que a vontade cresceria, unida a um prazer e gosto inigualáveis quando, realmente, li um dos melhores romances brasileiros já escritos. Um universo de jagunços coronéis e prostitutas girando em torno do cacau na década de 20, na Ilhéus de 1925, que anseia por progresso marítimo e sonha em ser cidade grande. Mas o que me deu gosto com sabor brasileiro foi a protagonista (materializada em novela e no cinema pela nossa Sônia Braga). Sua inocência de bicho, seu amor natural e sincero, sem preconceitos e formas, simplesmente o sentir, o gozo nato de todo animal, fizeram com que eu me apaixonasse por esta heroína de pé no chão, quase sempre usando a pele que carrega desde que veio ao mundo com um único objetivo: amar e ser feliz. Para ela, não há traição, não há mentiras. Há somente o prazer natural, a troca de calor e carinhos que tanto nos fazem bem. Sem julgamentos, ela não entende o ciúme de Nassib, o árabe para quem trabalhava em seu restaurante e que, com naturalidade, acabou amando e usando sua cama para ser plena. Não compreende o ódio dele, sua vingança quando a joga para fora de casa por saber de sua atração por outros hormens. Sem o saber, Gabriela tem o que todos nós possuímos, mas sem ressalvas. Ela sabe que o amor que sente por um não apaga o querer natural pelos outros. Sabe distinguir o que é amor e o que provém de um instinto congênito. E sofre com isto, pois não entende o que é imposto por uma cultura urbana que, até então, desconhecia. O livro foi publicado em 1958, mas estabeleceu-se como a obra de Jorge Amado, conquistando varios prêmios.
A sensualidade de Gabriela, sua cor de cravo e seu cheiro de canela irá conquistar você, o Vide Letra tem certeza disto. Resta-nos saber se a lição de amor puro, de ligação sincera que ela tenta nos deixar, será por nos absorvida, em um mundo onde o orgulho e a posse sobre nossos pares impera. Amado Jorge, amada Gabriela. Divirta-se!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Nada melhor do que não fazer nada.

Ok, ok. O trabalho enobrece, a produtividade comercial é necessária (e dá conforto, eu sei) e a conexão tecnológica em que mergulhamos hoje é essencial para manter-nos "vivos" perante todas as coisas (se você não existe virtualmente, você não existe), mas o que o Vide Letra propõe hoje é uma pausa. Hedonismo: vem do grego hedoné e significa prazer. Doutrina que considera o prazer ou a felicidade como o único ou o principal bem da vida. Se você não fuma, não bebe, não come comidas gordurosas e pratica esportes regularmente, ache um tempinho para ler "Manual do Hedonista", do americano Michael Flocker, lançado aqui no Brasil pela editora Rocco. Lá, o autor sugere pequenas indulgências cotidianas, pois, segundo ele "as pessoas querem, apenas ver suas contas bancárias crescerem e esquecem que a vida está acontecendo agora, não quando se aposentarem com uma poupança cheia. Vivem conectadas com o mundo, mas não consigo mesmas. Esqueceram de viver". Mesmo que seu tempo não lhe permita ler o livro de Flocker, dê uma olhada nas listas que ele preparou baseando-se em sua filosofia. Alguns exemplos: Desconecte-se se você manda e-mail para pessoas que estão ao seu lado no trabalho, se você compra um sapato porque combina com seu IPod, se você é incapaz de sentar e ficar pensando em silêncio. E aconselha : tire féria sozinho, apaixone-se perdidamente, monte um álbum de fotografias de sua vida, acampe no deserto, sente-se em um banco de jardim. Alguns prazeres como uma xícara de café, um cigarro, uma soneca em uma rede ou o sexo não viram pragas epidêmicas se usados em doses certas. O conselho "se você evitar tudo que é desagradável terá uma vida longa" pode ser verdade. Mas ela será feliz? Vamos além: na Jamaica estão os únicos resorts hedonistas do mundo. São eles : o Hedonism II e o Hedonism III. No site http://www.h-rez.com/a212026/index.htm você consegue mais informações sobre eles. Pausa: dá uma olhada na foto que ilustra este post. Ela é de um desses resorts. Vale a pena? Então, programe-se, desligue-se da tomada, compre o Manual do Hedonista e vá lê-lo na rede do resort Jamaicano. Pode me convidar que iremos juntos! "Assim como um dia bem aproveitado traz bons sonhos, uma vida bem vivida traz uma morte feliz" Leonardo da Vinci.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dicionário : o pai dos espertos.

Hoje quero riqueza! Riqueza para vivermos melhor, para termos uma vida mais confortável, cheia de regalias. Riqueza remete a grandes quantidades e a opções de escolha. Nesta linha de pensamento, o Vide Letra quer lembrar a você que nossa língua portuguesa é muito rica em vocábulos. Vocábulos estes que, para muitos outros povos, são cantantes, são música, têm cadência única. É nosso jeito de falar, de expressar gostos, opiniões e desejos. Então, por que utilizamos apenas o mínimo do banco de palavras disponíveis, por exemplo, em um dicionário? Claro, para todas as ocasiões em nosso dia-a-dia, possuímos o necessário na comunicação. Mas, por que não nos enchermos da riqueza das expressões e dos verbetes que nossa língua portuguesa possui? Este texto não tem a pretensão de ser uma prédica e nem uma missiva, mas para conseguirmos ser um nobélio, nossas colocações verbais devem ser ricas. Isto, com certeza, lhe dará uma imagem melhor perante os outros. Tenha sempre um dicionário a mão. Você também pode optar por um dicionário on-line, como o Michaelis, disponível no site http://michaelis.uol.com.br/ e totalmente gratuito. Além de nos ajudar a escrever corretamente, ele nos enriquece de palavras novas. Você já experimentou ler um dicionário? Pode parecer chato pensar em ler um livro "deste" tamanho e sem histórias, né? Pois saiba que é divertidíssimo! Dá até para fazer brincadeiiras entre amigos, em um jogo de adivinhação de palavras, por exemplo. Tente. Você vai descobrir que há palavras interessantes que podemos usar tranquilamente. E você estará prestando um favor a todos nós não deixando que algumas palavras morram pelo esquecimento. Eu aposto que, agindo assim, não haverá um êmulo a sua altura. Ah! Caso você não conheça alguma palavra deste texto, já é uma ótima oportunidade para correr aé o pai dos espertos mais próximo. Divirta-se!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Ser" Fernando Pessoa

Não resisti. Prometo (a mim mesmo, inclusive) não falar sobre Fernando Pessoa todos os dias (mas, se eu quebrar esta promessa, já peço perdão). Descobri Fernando Pessoa há uns 3 anos quando me aventurei a ler as obras de seus três mais famosos heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. E, obviamente, a de Pessoa. Meu livro da vez é o espetacular "Fernando Pessoa - Uma Quase Autobiografia", do Pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho e, em minha opinião, a melhor biografia do mestre português. E (orgulho!) é de um brasileiro. José Paulo é advogado e membro da Academia Pernambucana de Letras. O título (Quase uma Autobiografia) dá-se pelo motivo de que o autor, magistralmente, intervém em sua narração com escritos do próprio Fernando Pessoa, dando-nos a sensação de que o biografádo é quem escreve o livro. Sensacional! A intenção é "montar" Fernando Pessoa, tentar entender quem foi este gênio lírico, uma vez que, como ele mesmo dizia "Multipliquei-me para me sentir. Cada um de nós é vários. A minha arte é ser eu. Eu sou muitos". E bota muitos nisso! Fernando Pessoa escrevia atráves de 127 heterônimos (Ufa!). Os mais famosos são os que citei acima, incluindo-se ai, Bernardo Soares com o "Livro do Desassossego", que eu adoro e que terá, em breve, nora especial no Vide Letra. "Ser" Fernando Pessoa é o que a obra de José Paulo nos faz ser. Lendo-o, seus olhos, alma e coração conseguirão chegar bem próximos de Pessoa e você poderá tentar decifrar o poeta infeliz que foi tantos e não conseguiu ser ele próprio. Ah! O desenho que ilustra minha postagem é de um dos grandes amigos de Fernado Pessoa, Almada Negreiros, também poeta, e foi feito em 1954, quase 20 anos após a morte de Pessoa. Vou falar muito sobre Fernando Pessoa, não vai ter jeito. Citando a promessa acima, tentarei nao ser repetitivo. Se bem que, em minha opinião, repetir coisas bonitas é sempre bom. Quer se divertir? Obras de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis (nesta ordem, por favor, rs..) + Livro do Desassossego, todos publicados pela Cia das Letras. O do José Paulo Cavalcanti Filho saiu pela Record. Aqui, no Vide Letra, falarei mais tranquilamente sobre as obras dos heterônimos que mencionei. Elas merecem. E vocês também!
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Este é Fernando Pessoa...um fingidor. Ou não.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

É possível aprender a ser um escritor?

Iniciarei no VIDE LETRA (que emoção!) com uma questão que, sinceramente, não sei se há uma resposta, ou várias opiniões, ou nada disso. É possível que alguém aprenda a ser um escritor? Ou escritor é todo aquele que escreve alguma coisa sem se preocupar com fórmulas consagradas de escrita (obviamente tentando não cometer erros gramaticais)? Na literatura disponível, há livros que tentam explicar-nos o estilo dos cânones literários. Com uma dissertação gostosa de digerir, li dois deles: "Para Ler Como um Escritor" da americana Francine Prose"Como Funciona a Ficção", do inglês James Wood  (em minha opinião, o melhor dos dois). As duas obras têm a finalidade de mostrar-nos o que leigos leitores (e eu me incluo neste grupo) possivelmente não conseguem enxergar nos estilos dos grande escritores mundiais. Com citações de obras e trechos de livros famosos, estes autores "abrem" e "dissecam" cada palavra, cada parágrafo dessas obras, fazendo, desta maneira, que nossa leitura seja mais direcionada, mais certeira no entedimento. Eu, particularmente, gosto muito de livros com este teor. Isso me torna mais sensível na leitura de um texto. Porém, há controvérsias. Há opiniões que firmam que, quanto mais conhecimento nós temos, quanto mais nós aprendemos, nos tornamos menos de nós mesmos. Pode ser verdade. De qualquer maneira, os livros que citei são ótimos. Francine, por exemplo, divide sua obra muito bem, explicando as importâncias de uma palavra correta em uma frase, de uma frase bem colocada em um parágrafo e a de um parágrafo bem iniciado após o término de outro. E por ai vai. Mas vale a dica que, para escrever, não há de se ater à regras ou aos dogmas. Escreva. Segue a citação de Avicena (século XI D.C.): "Um homem não sente dificuldade em caminhar por uma tábua enquanto acredita que ela está apoiada no solo; mas ele vacila - e afinal despenca - ao se dar conta de que a tábua está suspensa sobre um abismo." Divirta-se!