quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amado cravo e canela

Sempre tive vontade de ler "Gabriela Cravo e Canela" de Jorge Amado, mas não sabia que a vontade cresceria, unida a um prazer e gosto inigualáveis quando, realmente, li um dos melhores romances brasileiros já escritos. Um universo de jagunços coronéis e prostitutas girando em torno do cacau na década de 20, na Ilhéus de 1925, que anseia por progresso marítimo e sonha em ser cidade grande. Mas o que me deu gosto com sabor brasileiro foi a protagonista (materializada em novela e no cinema pela nossa Sônia Braga). Sua inocência de bicho, seu amor natural e sincero, sem preconceitos e formas, simplesmente o sentir, o gozo nato de todo animal, fizeram com que eu me apaixonasse por esta heroína de pé no chão, quase sempre usando a pele que carrega desde que veio ao mundo com um único objetivo: amar e ser feliz. Para ela, não há traição, não há mentiras. Há somente o prazer natural, a troca de calor e carinhos que tanto nos fazem bem. Sem julgamentos, ela não entende o ciúme de Nassib, o árabe para quem trabalhava em seu restaurante e que, com naturalidade, acabou amando e usando sua cama para ser plena. Não compreende o ódio dele, sua vingança quando a joga para fora de casa por saber de sua atração por outros hormens. Sem o saber, Gabriela tem o que todos nós possuímos, mas sem ressalvas. Ela sabe que o amor que sente por um não apaga o querer natural pelos outros. Sabe distinguir o que é amor e o que provém de um instinto congênito. E sofre com isto, pois não entende o que é imposto por uma cultura urbana que, até então, desconhecia. O livro foi publicado em 1958, mas estabeleceu-se como a obra de Jorge Amado, conquistando varios prêmios.
A sensualidade de Gabriela, sua cor de cravo e seu cheiro de canela irá conquistar você, o Vide Letra tem certeza disto. Resta-nos saber se a lição de amor puro, de ligação sincera que ela tenta nos deixar, será por nos absorvida, em um mundo onde o orgulho e a posse sobre nossos pares impera. Amado Jorge, amada Gabriela. Divirta-se!

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