terça-feira, 20 de setembro de 2011

Técnicas de escrita e de sexo

Li, recentemente, um conto de Ricardo Lísias publicado na "Granta em Português" no. 6 (já mencionei as edições da Granta aqui, no Vide Letra) que aborda o fascinante tema da técnica literária. O conto se chama "Fisiologia da Solidão" e o tema da mencionada edição da Granta é o sexo. Sim, todos os contos desta edição da Granta remetem ao sexo de alguma maneira, porém sexo é um assunto que quero tratar em uma outra oportunidade. O importante neste conto de Lísias é o sentido que ele dá ao ato de escrever e a analogia que ele faz deste ato com o sexo. Magnificamente, ele diz que sua  técnica literária (sua ou do protagonista, pois acho que o texto, em alguns momentos, soa como uma confissão) é como um ato de solidão. Não aquela solidão triste, sem companhia, mas a solidão amparada e suportada pelas diversas técnicas literárias que ele tem enquanto escreve e se experimenta, haja vista que, segundo ele nos conta, sua melhor forma de expressão é a escrita. As alterações de técnicas literárias fazem com que ele (autor ou protagonista, vai saber) suporte a solidão. A comparação com o sexo vem, de forma brilhante, quando ele diz que realiza pequenas mudanças na maneira que escreve, quase como uma obsessão. Faz estas mudanças repetidamente e com variações mínimas. Tanto o sexo como a técnica literária são, para este escritor (ou para o protagonista) atos repetidos com pequenas alterações em sua forma. Achei isto explêndido! Para quem gosta de escrever e/ou ler, o prazer de um texto são atos de amor e de necessidade fisiológica, como o sexo. O tesão que consome um leitor voraz é de uma intensidade comparável com o gozo do sexo. Concordo, particularmente, com Ricardo Lísias em seu conto. Ter a companhia da técnica literária, com suas possibilidades infinitas, e como ter o sexo novo e renovado a cada encontro de amor. Divirta-se!

Um comentário:

  1. Quando eu tinha uns dezesseis anos e tive meu primeiro "insight" da estória que acabei contando no primeiro livro que escrevi, contei ao meu avô Thron, meu sempre melhor amigo e confidente (acredite quem quiser), o prazer quase inenarrável que tive ao 'criar' a estória da Caroline. Ele, como o grande sábio que é (mesmo depois de sua morte continua sendo o meu sábio,)me disse uma coisa que jamais me esqueci nos anos que se passaram desde então: "filha, ler ou escrever é comparável ao prazer que temos quando encontramos o verdadeiro parceiro, AQUELE parceiro no amor, na vida e na cama prá sempre". Como eu ainda nem sabia o que era namorar, vim descobrir este enorme prazer que se mistura, se completa, tempos depois... Ler e fazer amor... Escrever... Ler... Fazer amor... Escrever...
    Amo muito tudo isso!
    Bjusss

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