quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sob a ótica das crianças

Leio desde criança. Foi uma das coisas que me transformou em um homem de raciocínio. A outra coisa foi a educação que meus pais, sabiamente, me deram. E sou grato a essas duas bases por minha formação que, apesar de estar longe de ser perfeita (graças à Deus!), fizeram de mim, um cidadão. Tenho a sorte de, até hoje, ter ao meu lado o amparo dessas duas forças. Meus pais e a literatura. Posso afirmar, convicto do que digo, de que são as coisas que mais amo. Orgulho-me disto. Na literatura, várias publicações têm como agente condutor da trama, a percepção de uma criança. "Pelos Olhos de Maisie", do espetacular Henry James talvez seja a mais famosa (a Cia das Letras lançou uma edição de bolso bárbara, com edição revista). Henry James apontou, em seu romance, algo novo para a época (1897): as crianças têm inteligência suficiente para tirar suas próprias conclusões e sabem mais do que imaginamos. Na história, nossa heroína Maisie tem de aprender desde cedo o que é o divórcio, pois seus pais entram em litígio pela sua guarda e pelos seus anseios mesquinhos. Desde pequena Maisie  muda de lares, conhece as diferentes e alternadas companhias masculinas de sua mãe (bem como tem de lidar com um amor ausente da mesma) e acaba crescendo em conciência e em idade pelas mãos de pessoas caridosas que lhe acompanham. O romance, magicamente, faz-nos perceber a vida e o mundo através da ótica desta menina meiga e adorável. Com sua sensibilidade e fé juvenil (sim! As crianças são cheias de esperança, pois têm um mundo enorme e uma vida longa pela frente. Elas sabem disso), Maisie sonha em ser feliz na companhia de adultos que sejam a figura de seus pais. Se você, leitor, lê desde criança, vai conseguir reconhecer em Maisie a criança que você era. Se você não lia quando era pequeno, não há problema. Nunca é tarde para começar. E não será tarde para conhecer Maisie. Ela é a criança que você foi. Viva. Linda. Esperançosa. Recheada de amor e sem ressentimentos. Querendo, apenas, um afago quente. Eu não tenho filhos, mas se os tivesse, eles seriam como pãesinhos quentes, crescendo em um forno cheio de fermento literário, onde o padeiro aqui, leria tudo do bom e do melhor para eles. Divirta-se!

Um comentário:

  1. Nossa Ro! Adorei a metáfora dos pãesinhos quentes...
    Sim, crianças são realmente como pãesinhos quentinhos, cujo fermento tem que ser alimentado. Nada melhor do que alimentá-lo com uma boa dose de literatura, só assim eles vão crescer saudáveis e cultos. Lembra de nossa última conversa, quando dissemos o quão era importante a cultura? Pois é... Ensine Às crianças e elas ensinarão aos adultos.
    Bjusss

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