quarta-feira, 6 de julho de 2011

Poesia para Deus

Não conheço muito de poesia. Posso, inclusive, dizer que meu contato com poesia não vai além de Fernando Pessoa e seus heterônimos (o que já é grandioso). Mas, um dia, em uma livraria aqui, em São Paulo, flertando com tudo que é livro como de costume, avistei o livro de Adélia Prado "A Duração do Dia" editora Record. Acredito que foi o livro que me achou. Coincidentemente, a autora tem o mesmo nome de minha mãe, um desses nomes antigos, marcantes e lindos. Nome único, como minha mãe e a poesia de Adélia Prado. Eu e o livro nos apresentamos um ao outro como velhos conhecidos. Depois nos tocamos, em cumprimento modesto e tímido. Convidei-o para conhecer minha casa e, para minha alegria, ele aceitou. Foi assim que a poesia desta linda senhora mineira, que lançou seu primeiro livro com 40 anos de idade e já mãe de cinco filhos, ficou comigo. Adélia faz analogia entre poesia e experiência religiosa. Em sua opinião, as duas são experiências idênticas. Para ela, tanto a poesia quanto a fé nos leva para o mesmo lugar. Acho que por esta razão seus poemas lembram Deus e, muitas vezes, são direcionados a Ele. Como ela mesma afirma, ela só tem seu cotidiano e seus sentimentos. A poeta que foi apresentada a Drummond e que, maravilhado com o seu trabalho indicou a publicação de seus poemas, faz coisas lindas como esta: "Não há culpados para a dor que eu sinto. É Ele, Deus, quem me dói pedindo amor, como se fora eu Sua mãe e O rejeitasse. Se me ajudar um remédio a respirar melhor, obteremos clemência, Ele e eu. Jungidos como estamos em formidável parelha, enquanto Ele não dorme eu não descanso". Como disse, não conheço nada de poesia, mas sei sentir quando algum ato divino como este me envolve. Ah! O livro que veio comigo para casa? Moramos juntos até hoje e, às vezes, ele dorme comigo. Divirta-se! 

Um comentário:

  1. Pois, se Deus está em todas as coisas
    e também dentro do Homem
    por que não estaria, Ele, nas letras, nas palavras
    escritas e mesmo nas faladas...

    Pois, se o Homem tem Deus dentro dele, por que não seriam as letras que O tornam compreensível, uma extensão daquilo que Ele quis, Seu maior desejo... De Se fazer conhecer.

    A poesia envolve nossas almas como um abraço terno. Transformam letras e palavras em sentimentos, sensações, às vezes felizes, às vezes tristes... Sempre divinos...

    ResponderExcluir