quinta-feira, 14 de julho de 2011

A metade essencial

Para ser inteiro precisamos, pelo menos, ser duas partes, pois, do contrário, não há inteiro. Não há nada. As partes formam um todo que, só é todo, porque pode ser dividido em, no mínimo, duas partes. Italo Calvino escreveu "O Visconde Partido ao Meio" em 1952 para, junto com outras duas obras suas (O Barão nas Árvores e O Cavaleiro Inexistente) formar a trilogia que define o homem comtemporâneo, em contos fantásticos, inspirados na psicologia Freudiana. Nosso Visconde é, literalmente, partido em dois por uma bala de canhão em uma batalha. Uma das partes fica com seu lado bom, a outra com seu lado mesquinho e mal. A partir desta divisão, tão real quanto imaginária, dois mundos opostos entram em conflito e tentam sobreviver. Sim, sobreviver. A parte mesquinha está impossibilitada de amar, de ser compreensível, de tornar as coisas belas. Já a parte boa não consegue lutar, progredir, ir contra as ações da vida que, aparentemente, parecem ruins, mas na verdade é o que nos move. Sem o equilíbrio do bom e do mal, do escuro e do claro, os extremos não servem para nada. O que nos torna humano é o que possuímos de mais rico: nossa heterogeneidade. Somos bons, mas não podemos deixar de ser ambiciosos saudavelmente. Nosso senso de bom, de correto e de justo só é possível quando existe uma analogia entre o oposto disso tudo. Se ajo de maneira correta é porque sei que, às vezes, tenho atitudes erradas. Não posso ser bom se não possuo uma metade mais agressiva, pois, do contrário, eu não seria nada. Ser humano é ter metades diferentes, é ser vários. Sendo honesto, inclusive consigo mesmo, já nos torna especiais. O equilíbrio nos mantêm em pé, conciente e vivos. Tire-se uma dessas metades, e tombaremos. Aquela metade que tantas vezes procuramos no externo pode estar conosco. Para ser todo, saiba conpletar-se e tenha s sua metade essencial. Lembrei deste livro hoje, conversando com uma amiga querida. Divirta-se!

Um comentário:

  1. Depois de ler a sua postagem, peguei-me pensando nela e me fiz estas perguntas: qual parte é mais evidente em nós, embora as duas sejam equilibradas? O que nos move melhor, o bem ou o mal? Porque não podemos ser totalmente ruins quando queremos alguma coisa? Bem... Acho que estou particularmente esquisita hoje... rs.

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