segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Elza, uma verdadeira Fitzgerald

De F.Scott Fitzgerald podemos dizer que sua "sombra" lhe dava segurança, companhia, apoio e, mais do que qualquer outra coisa em sua vida, completava-o, em uma simbiose magnífica. Sua "sombra" tinha nome, chamava-se Elza. E sobrenome: Fitzgerald. Também tinha uma posição mais do que honrada. Foi sua esposa até a morte. Morreu em um incêndio, num sanatório em uma das muitas internações pela qual passou. Elza era esquizofrênica. Seu corpo só pode ser identificado pelo sapato que ela usava no dia de sua morte. Elza sempre lutou para sair do espaço secundário em relação ao marido e que garantia a este a segurança e o material para escrever. Tentou as artes. Enquanto bailarina, sua professora dizia que ela já não era tão jovem para dançar, mas que, com tanta dedicação demonstrada, conseguiria se apresentar. F. Scott Fitzgerald interferiu e fez com que qualquer apresentação da esposa fosse vetada, alegando que o incentivo poderia agravar seu quadro pscótico. Começou a pintar, chegou a expor seus quadros, mas as obras não foram reconhecidas com valor. Elza passou a vida lutando contra sua doença mental e tentando tornar-se alguém com reconhecimento próprio. A luta do casal contra o álcool, as brigas constantes e os diversos interesses de Scott Fitzgerald por outras mulheres fez com que Elza acumulasse enfermidades. Ela chegou a finalizar um romance, o seu único romance, chamado "Esta Valsa é Minha" e, novamente, seu marido proibiu quaisquer estímulos positivos  que fizessem com que Elza ganhasse sua propria fama e dinheiro. Na verdade, eles se fundiam em um. O externo quase não existia para eles. Eles se respiravam e a obra de F. Scott Fitzgerald teve como personagem principal, Elza Fitzgerald. Ela foi sua inspiração e tema, a força propulsora para que seus textos tivessem vida. E, mesmo assim, foi uma mulher que morreu tentando não ser a gêmea de seu marido. É um dos clássicos casos onde a mulher representa quase a totalidade da fama e do talento de seu companheiro. Talvez F.Scott Fitzgerald não apresentasse o sol na clareira para Elza por egoísmo, por medo ou por alguma combinação entre eles, mas uma coisa é certa: existem várias Elzas pelo mundo, várias "sombras" que, na verdade, criam e divulgam o novo e as revoluções.

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