terça-feira, 8 de novembro de 2011

Artigos e ensaios

Escrever é mais do do se fazer ler. É mais do que transmitir uma mensagem ou deixar um recado. Escrever é cativar, é prender o leitor pela emoção e, acima de tudo, é doar-se. Na revista Serrote no. 9 que acabou de sair, há um ensaio espetacular da americana Cynthia Ozick sobre as diferenças entre artigo e ensaio. Fiquei tão maravilhado com o texto que resolvi expor minhas sensações aqui, no Vide Letra. Cynthia diz que o ensaio é "uma mente livre quando brinca", e nada pode ser mais verdadeiro do que esta afirmação. Sobre as diferenças entre artigo e ensaio, ela menciona que o artigo é momentâneo, passageiro, um flash, uma foto que em dias estará obsoleta. É, ainda, uma notícia, um acontecimento que será substituido por outro na próxima semana. Quanto ao ensaio, sua conclusão é mais poética. Para Cynthia, o ensaio é imaginação e toda informação contida nele é corriqueira. O ensaio não serve para doutrinar ninguém, muito menos educar. O ensaio não se prende a sua data de nascimento como o artigo e torna-se uma espécie de ideia eterna. O ensaísta, como todo bom poeta, escreve com as artérias do coração. O leitor não tem que concordar com o que um ensaísta escreve, mas emociona-se e torna-se reflexivo quando lê um bom ensaio. O verdadeiro ensaísta pode lhe passar uma sensação de solidão, caso você esteja sozinho em companhia das estrelas, por exemplo, mas também pode lhe dar a percepção de estar bem acompanhado caso caminhe, sozinho, em um bosque. Note que, tanto as estrelas quanto as árvores do bosque, oriundos da natureza, poderão lhe fazer ou não companhia. Tudo dependerá do direcionamento que o ensaísta der ao texto. Você estará em boa companhia, caso eu lhe indique, através de um ensaio, um livro cujo tema lhe conforte e lhe dê prazer. Mas também poderei fazer com que você se sinta isolado e triste dizendo-lhe que a única coisa que realmente conforta e dá gozo é a companhia e o calor de uma alma idêntica a sua. Como disse anteriormente, o ensaio não doutrina e nem tem a pretensão de ter créditos perante todos os leitores, mas ele faz com que todo leitor concorde com seus termos e conclusões. Doe-se a sua escrita. Ensaie. Divirta-se!

Um comentário:

  1. Bem rica a sua prosa e muito esclarecedora. Ensaio, conclusão poética, gostei! Muito obrigada!
    Claudia neves

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