sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A extinção de uma cultura

Esta é a aldeã Gyani Maiya Sen. Ela nasceu no Nepal, tem 75 anos e é a última falante da língua kusunda. O povo da tribo kusunda, por sofrer preconceito de outros povos do Nepal que o consideram inferior, abdicou de sua língua. Poucas pessoas da etnia kusunda ainda existem (não chegam a 100, segundo o último censo nepalês, realizado em 2001), pois elas escondem a própria origem a fim de conseguirem melhor aceitação na sociedade. A última pessoa com quem Gyani usou a língua foi sua mãe, morta há 25 anos. Apesar de ter filhos, Gyani, pelo motivo acima, deixou de usar a língua kusunda. Agarrado há um tipo de esperança que só um linguista pode ter, o estudioso nepalês, Gautam Bhojraj, aprendeu o idioma kusunda e usa-o com Gyani para que a língua não desapareça. Um lindo trabalho para preservar toda a cultura de um povo. Se, por acaso, a língua kusunda desaparecer, a história, os costumes, a inteligência e a organização de uma sociedade sumirão com ela. Gyani está animada. Ela afirma que, se continuar falando em sua língua materna, ela não desaparecerá. Uma parte da história da humanidade está nas mãos, ou melhor, na boca de duas pessoas: da simpática Gyani e do destemido Gautam. Tomara que eles tenham sucesso, pois, do contrário, uma sociedade, hoje praticamente representada por uma senhora de boa vontade, será extinta. E com ela, um pedaço da memória dos homens. Fiquei comovido  com esta história lendo-a na revista "Língua Portuguesa" nr. 82, edição de agosto deste ano, da editora Segmento. Quiz dividi-la com você.

Um comentário:

  1. Muito legal esta história. Fez-me lembrar dos problemas que temos aqui no Brasil, semelhantes ao do Nepal, onde nações indígenas inteiras estão perdendo a cultura e idiomas em detrimento da aculturação dos "brancos". Pena...

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